quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vodivolta


Dia 5 de janeiro vou voltar pra Chicago. Ando meio esquisita porque 1. eu SOU meio esquisita e 2. não curto mto mudanças na minha rotina, se eu pudesse viveria no Groundhog Day (eu sei, isso é péssimo). Mas estou feliz. Acho que vai ser mto bom pra mim. Aqui eu não sei o que acontece, eu fico estagnada. Estou cansada de sentir que não estou indo pra lugar nenhum. E lá é diferente, sinto que existem mtas possibilidades. A verdade é que eu amo os Estados Unidos. Eu sei que pode parecer que sou apenas mais uma paga-pau, mas fazer o que se eu sou? Apesar de que hj em dia pagar pau pros EUA é ir contra a corrente, então não acho tão mal.

Desde quando coloquei os pés na Embaixada Americana pra tirar meu visto antigo eu senti que aquele era o meu lugar. Durante todo tempo que eu passei naquele país nunca senti falta do Brasil. Senti falta da minha família, dos meus amigos e do clima (e da água-de-coco), mas do Brasil em si... não. Talvez eu esteja sendo burra e mal-agradecida e só aprecie o lugar onde nasci depois que eu comece a ver os defeitos de lá. E eu até já vejo, mas por enquanto não me incomodam.

Lá não é o país onde eu nasci, mas é o que escolhi para viver. É o país do meu coração. Ainda mais agora com o Obama, né?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Meu querido "inho"

Hoje sonhei com o meu primeiro namorado. Era ele e a irmã dele indo lá fazer um visita/festa sei lá na casa da minha mãe, onde antes eu morava. Esse meu namorado eu namorei desde sempre. No começo nem ele sabia (numa certa idade a gente escolhe o namorado e pronto, ele está automaticamente convocado). Foi um sonho mto agradável, um encontro entre as nossas famílias. Nós apenas nos olhávamos e em algum momento seguramos nossas mãos. Foi aí que eu percebi o qto ele era especial e o qto gostava de mim.

Eu realmente não sei porque terminei com ele. Era lindo, inteligente, educado e me adorava. Me enchia de presentinhos fofos, de cartões do Garfield (um must na época), me escrevia as coisas mais românticas. Foi dele que ouvi pela primeira vez a frase "eu te amo", e me lembro exatamente quando e onde. Eu tb o adorava, o amava. Era ótimo, pq a irmã dele era a minha melhor amiga de infância (mesmo!), e o namorado dela era amigão dele. Saíamos mto, estávamos sempre juntos. Até que... eu entrei no colegial.

Tudo novo, gente nova, fiquei deslumbradíssima. Tinha um bando de playboy lá onde eu estudava e na época eu achava aquilo o máximo. Eles por algum motivo obscuro pareciam gostar de mim tb, e eu gostei do lance todo e torrava rios de dinheiro na Forum, Zoomp e similares pra me manter na linha (deles). Daí num belo dia eu conheci um carinha do terceiro colegial mto bonitinho, fofinho e engraçadinho que inacreditavelmente tinha se interessado por mim. Foi nos jogos Escolares na competição de ciclismo, olha só. Eu e a minha mountain bike genérica. Daí conversa pra cá, conversa pra lá, eu decidi que já era hora de sair do anonimato e entrar para o Olimpo daquela bagaça. Fora que eu gostava mesmo do "inho" (por fins de privacidade chame-mo-lo assim), mas... E o meu outro "inho"? Ah, ele teve que dançar. Qdo eu resolvi terminar ele foi parar até no ambulatório. Não se conformava.

Daí um dia eu tava lá numa festa com o "inho" novo. Não é que o outro "inho" chega e fica lá parado, catatônico, chocado, infinatamente entristecido nos olhando? Eu NUNCA, mas NUNCA vou me esquecer dessa cena. Queria que ela não tivesse acontecido.

Mas então, fiquei aqui pensando nele e se a gente não tivesse terminado. Sabe que eu acho que teria sido bem legal? Demorou, mas eu acho que estou aprendendo: 1. a gente tem que investir no que tem e 2. não vale a pena largar tudo pelo primeiro que encanta a nossa vista. Ou seja: SEGURA O TCHAN, FILHA!!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Relaxa e aproveita

“Be content with what you have, rejoice in the way things are. When you realize there is nothing lacking, the whole world belongs to you.” - Lao Tzu

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

E por falar em exposição...

... uma bem legal é a do designer Karim Rashid, que vai até o dia 4 de janeiro lá no Instituto Tomie Ohtake (em Pinheiros, pertinho da FNAC). Ele tem uma estética bem própria, tudo mto moderno, redondinho, colorido e clean. Meu objeto preferido: a sexy Loveseat, uma conversadeira que ele desenvolveu para a Veuve Clicquot (primeira foto). Algumas ressalvas: 1. o boneco de cera dele sentado logo na entrada da exposição (MEDO); 2. um áudio dele profetizando um bando de coisas numa das salas, ficou um lance meio futurista-tétrico-fascista e 3. as roupas, CAFONÍSSIMAS, uma coisa aula de aeróbica dos Jetsons (cada um deve se restringir ao que sabe fazer bem, não é mesmo? E roupa definitivamente não é a praia dele... Inclusive detestei as Melissas.).

PS: Interessante (mesmo!), mas uma casa inteira assim fica com jeito de cenário de filme de ficção científica dos anos 60.




E por falar em pobreza...

... no domingo passado fui na exposição da Elisa Bracher, que terminou naquele dia mesmo (infelizmente pra quem perdeu). Ela é uma artista plástica que tinha um ateliê na Favela da Linha, na periferia de São Paulo. Para evitar um despejo em massa, em dez dias fotografou o local para entrar com uma ação na justiça, e o resultado são as fotos que estavam lá no Museu da Casa Brasileira (aliás um lugar lindo, com um jardim enorme e um restaurante mto charmosinho, fica na Faria Lima perto do Shopping Iguatemi).

As imagens são belíssimas, mas não disfarçam a precariedade das habitações. Vejam abaixo algumas reproduções que eu fiz (são fotos de fotos, a qualidade é inferior e as proporções foram alteradas):










E bota precário nisso...

O Banheiro do Papa


Mais filme: agora acabei de ver esse citado aí no título, mto mto bom, recomendo. A história se passa no Uruguai, em um lugar mto próximo de onde veio toda a minha família (e o país onde minha vó paterna nasceu). Baseado em fatos verídicos, conta sobre a ocasião em que o papa foi visitar a pequena e pobre cidade de Melo. Todos os moradores resolvem se preparar como podem para tão especial ocasião, onde esperam faturar alto vendendo comida para os visitantes. O personagem principal então tem a genial idéia de construir um banheiro, pois com tanta comida era lógico que haveria demanda, né?

O filme todo gira em torno dessa preparação e do homem tentando levantar dinheiro pra levantar o banheiro no quintal. Mas é TANTA pobreza... Dá dor no coração... Principalmente pq meu pai me lembrou que minha avó tinha crescido numa casa mto parecida com aquela do filme, sem nenhum isolamento para o inverno rigoroso lá do Sul, e que suas mais duras lembranças são as do frio que passava. Como tem gente pobre e sofrida nesse mundo... Eu tenho pensado mto nisso. E meu pai comentou algo mto verdadeiro: o pior de tudo é ter que perder a dignidade (ou porque não te respeitam como pessoa ou pq vc tem que fazer qq coisa pra ganhar uns trocos).

Quando eu fui buscar o filme na locadora, conversei um pouco com o dono, que a comprou com mto suor depois de trabalhar como balconista em várias outras aqui da vizinhança. Meu pai o conhece há anos. Eu estava lhe parabenizando por ter conseguido conquistar seu próprio negócio, e ele me disse que adora o que faz, mas que não era fácil, não. Que cada DVD custa em torno de CEM REAIS e que as distribuidoras mtas vezes o obrigam a adquirir um pacote pré-determinado de filmes.

Isso que eu fico puta: pra que tanto lucro em cima dos outros? Será que não dá pra dividir melhor esse negócio não? Eu detesto soar comunista, socialista, sei lá, acho que esses modelos não funcionaram, mas é aquilo que Marx dizia: os donos dos meios de produção explorando os trabalhadores, que não têm outra saída. Quando o ser humano vai parar de ser pão-duro? Custa ter, sei lá, uma Zafira ao invés de uma BMW? Qual a diferença??? Custa ter uma lancha ao invés de um iate? Custa comprar na Zara ao invés da Daslu? Eu realmente acho que quem montou o negócio todo, quem teve a idéia e conseguiu os meios deve ter uma naco maior da coisa, mas não TÃO maior. É esse justamente o problema dos países mais atrasados. Nos EUA claro que existem diferenças sociais, mas como já disse mtas vezes: lá a elite é mais responsável e valoriza bem melhor o trabalho de pobre. Ainda assim acho que mesmo eles têm mto o que melhorar.

Freqüentemente me pego considerando o luxo um problema. Mas por outro lado não seria o luxo que traz avanços para a sociedade? Antes geladeira, máquina de lavar, carro, avião, era tudo luxo. Vejam o que aconteceu com os países comunistas, que queriam todo mundo igualzinho: estagnação total.

Mtas vezes eu não sei o que pensar...

Meu querido amigo:

Agora já é tarde e não posso te ligar. Mas faz tempo que eu já devia ter feito isso. Eu tenho meus motivos: não quero incomodar, não quero causar impressão errada. Mas queria mto que vc soubesse o qto te considero meu amigo. Amigão, e dos bons, daqueles que ajudam a gente na hora em que mais precisamos, mesmo que seja na hora mais imprópria. Eu te adoro, meu amigo, por isso, porque com vc eu sei que posso contar. Gostaria que vc soubesse que pode contar comigo tb.

Gostaria que vc tb soubesse o qto eu te considero uma pessoa limpa, de princípios nobres, um ser da mais alta qualidade, o que se reflete em toda beleza que vc cria ao seu redor. Seu olhar profundo, brilhante, puro e curioso como de uma criança, revelam ao mundo que tipo de homem vc é.

Nunca, mas nunca deixe que te convençam de que vc não é uma pessoa, no mínimo, excepcional. Peço a deus ou o ao que quer que seja que vc continue sempre assim, um presente para todos que têm a sorte de estarem em seu caminho.

Agora é tudo rosa no blog

Ando amando tanto essa cor...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Maus Hábitos


Parece que eu só escrevo aqui depois que assisto algum filme, né? Agora acabei de ver o mexicano "Maus Hábitos", que conta a história de duas pessoas que se recusam a comer: uma mulher que vive querendo que a filhinha tb seja magra como ela e uma freira atormentada pelo sofrimento do mundo. Ao ver aquela recusa toda por um dos grandes prazeres desta vida e ouvir as histórias de acsetismo contadas no convento, comecei pensar no principal motivo que me faz ter medo de entrar para qualquer religião.

Ultimamente eu andava freqüentando um centro espírita e lendo "O Evangelho de acordo com o espiritismo" antes de dormir. Gosto de mtas coisas que estão escritas ali, mas o que não me cai mto bem é o fato de que dizem que o planeta em que vivemos não é um local de divertimento, mas sim de provas e expiações. Se tivermos mtos prazeres por aqui, após morrermos não conquistaremos mta coisa, já que o nosso pagamento foi recebido em solos terrenos.

Eu me recuso a aceitar que não fomos postos neste mundo para no divertirmos e aproveitarmos o que nos foi oferecido. Para mim o único propósito da existência de qq coisa é a alegria, a beleza. Ou algo que acabe nos levando até elas (inclusive o sofrimento, a tristeza, a feiúra). E eu realmente acho que se a gente exagerar mto nos prazeres acaba não conseguindo encontrar a felicidade, mas pra gente descobrir isso mtas vezes temos que exagerar. Já dizia William Blake: "The road of excess leads to the palace of wisdom" (a estrada do excesso nos leva ao palácio da sabedoria).

Toda vez que eu começo a entrar nesse lance de religião sinto que estou me desviando do MEU caminho. A gente aprende as coisas naturalmente, percebendo o que dá e o que não dá certo. e pra isso mtas vezes precisamos ERRAR. Eu detesto esse conceito de pecado, de culpa. Cada um tem seu jeito de aprender, e é claro que, por exemplo, não é certo prejudicar os outros, mas se fizermos tal coisa a vida vai nos mostrar que não é por aí. E qto ao prejudicado, terá sua chance para aprender a perdoar ou ver o que ele mesmo já pode ter causado a outras pessoas.

Não é que eu não tenha fé. Eu tenho. Acho que existe ordem e justica nesse mundo, essa é a minha fé. Existe sentido nisso tudo. Existem limites, existem leis que nos levam ao caminho da felicidade. Mas não acho que seja tão simples qto as religiões nos querem fazer acreditar.

Eu amo a vida, amo o mundo, e quero aproveitar tudo o que os meus sentidos têm pra me oferecer dentro de limites que não prejudiquem nem a mim nem as outros. Sou grata por estar aqui, e creio que vivemos em um lugar cheio de oportunidades para sermos felizes. E quem não aproveitar não é santo: é burro.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Paranoid Park


Acabei de ver esse filme do Gus Van Sant. Adoro seus filmes, embora sejam ideais pra se ver em DVD: tem partes em que ele se demora tanto filmando a cara de alguém que é sempre bom poder passar pra frente. A história acontece no meio de um grupo de skatistas, mas não vou falar mais pra não estragar. Vou falar de outras coisas que pensei a partir dela.

Bom, vc vê os meninos tentando sobreviver no grupo, criar uma identidade com ele, tentando encontrar seu lugar ali. Como é difícil ser adolescente... Tudo é tão pesado, tão cruel... Se perde tanto tempo com esses jogos sociais... Eu mesma no final do colegial nem conseguia estudar por causa disso. Ficava tão preocupada com o meu cabelo, minhas espinhas, minhas roupas e meu lugar na hierarquia social da escola, que não sobrava cabeça pra pensar em outras coisas. Tudo tão absolutamente inútil... Se eu pudesse voltar no tempo eu seria uma nerd de marca maior.

Eu imagino se depois que a gente cresce esses jogos sociais terminam ou a gente simplesmente se acostuma com eles. Às vezes eu penso que continuamos sendo o mesmo bando de bundões, preocupados com o que temos pra mostrar pros outros. Ou então nos isolamos. Ou - final feliz - finalmente encontramos a nossa turma, pra quem nada precisamos provar.

Pessoas não são necessárias. Amigos, sim.